5R da DIETA SEM GLÚTEN
5R da VIDA SEM GLÚTEN
************************
************************
Tradução: Google / Adaptação: Raquel Benati
Gallstone Frequency in Children With Celiac Disease
Mehmet Agin, Yusuf Kayar
Pediatric Gastroenterology, Van Education and Research Hospital, Van, TUR.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7888360/
RESUMO
A doença celíaca (DC) é uma doença sistêmica autoimune crônica causada pelo mecanismo imunológico dirigido pelas células T, que é desencadeado pelo glúten em cereais como trigo, cevada e centeio em indivíduos com predisposição genética. O objetivo do presente estudo foi investigar a frequência de cálculos biliares em crianças com DC.
Métodos:
Um total de 120 pacientes com diagnóstico de Doença Celíaca e acompanhados pela clínica de gastroenterologia pediátrica do hospital e 100 crianças saudáveis foram incluídos no estudo.
A idade, sexo, hemograma, bioquímica e imagens de ultrassonografia abdominal dos pacientes foram comparados. Os casos com cálculos biliares foram avaliados em termos de parâmetros bioquímicos (lipídios séricos em jejum, fragilidade osmótica, eletroforese de hemoglobina e esfregaços periféricos, etc).
Os casos com diagnóstico de doença hematológica ou metabólica foram excluídos do estudo. A sorologia para celíacos foi examinada em termos de diagnóstico de DC em casos que apresentavam cálculos biliares pela primeira vez.
Resultados:
A mediana da idade dos pacientes com Doença Celíaca incluídos no estudo foi de oito anos (5-12), e a mediana da idade do grupo controle foi de 10 anos (6-13).
48% do Grupo Controle era do sexo feminino e 52% do masculino. Não foram detectadas diferenças significativas entre a distribuição de idade e sexo dos casos. Não houve diferenças entre o hemograma e os parâmetros bioquímicos.
Cálculos biliares foram detectados em seis (5%) dos casos diagnosticados com Doença Celíaca e em três (3%) dos casos no grupo controle.
Dois (2/160; 1,3%) dos pacientes encaminhados ao nosso serviço com diagnóstico de cálculo biliar foram diagnosticados com Doença Celíaca.
Conclusões:
O diagnóstico precoce e o tratamento da Doença Celíaca são importantes para evitar o desenvolvimento de cálculos biliares porque uma dieta sem glúten corrige a enteropatia de forma significativa na DC. A Doença Celíca deve ser considerada em casos de cálculos biliares em crianças.
No entanto, estudos multicêntricos com maior participação projetados prospectivamente são necessários para revelar claramente a relação entre a formação de cálculos biliares e Doença Celíaca.
*****************************
Gallbladder motility in children with celiac disease before andafter gluten-free diet
Subhamoy Dasa, Sadhna B. Lala, Vybhav Venkatesha, Anish Bhattacharyab, Akshay Saxenac, B.R Thapaa, Satya Vati Ranad
Postgraduate Institute of Medical Education and Research, Chandigarh, India
Published online 5 February 2021 - Annals of Gastroenterology (2021) 35, 1-7
DOI: https://doi.org/10.20524/aog.2021.0593
RESUMO
Hipomotilidade da vesícula biliar foi relatada em adultos com doença celíaca (DC), mas não há literatura sobre essa disfunção em crianças celíacas. Nosso objetivo foi estudar a motilidade da vesícula biliar em crianças com DC, antes e depois de uma dieta isenta de glúten, usando ultrassonografia e cintilografia hepatobiliar.
Métodos:
Crianças com Doença Celíaca recém-diagnosticadas foram inscritas e avaliadas quanto à fração de ejeção da vesícula biliar usando cintilografia e ultrassom. Aquelas com fração de ejeção reduzida na cintilografia inicial foram avaliadas novamente após 6 meses de dieta isenta de gluten rigorosa e os resultados foram comparados.
Resultados:
Das 50 crianças com Doença Celíaca (idade média entre 2 a 9 anos, 54% meninos), 16% tinham uma baixa fração de ejeção da vesícula biliar na linha de base. Essas crianças tiveram um atraso significativamente maior no diagnóstico em comparação com aquelas com fração de ejeção normal.
Uma melhoria significativa na fração de ejeção da vesícula biliar foi observada em cintilografia após dieta sem glúten. A fração de ejeção também melhorou significativamente quando avaliada por parâmetros da ultrassonografia após dieta sem glúten.
O volume da vesícula biliar em jejum diminuiu com uma melhora significativa na porcentagem de alteração do volume pós-prandial em comparação com os valores basais pré-dieta isenta de glúten. Tempo de trânsito orocecal também aumentou em crianças com fração de ejeção reduzido.
Conclusões:
A função da vesícula biliar está prejudicada em pelo menos 16% das crianças com Doença Celíaca no momento do diagnóstico e é reversível com dieta isenta de glúten rigorosa. A disfunção da vesícula biliar está significativamente associada a um diagnóstico tardio e pode fazer parte da dismotilidade gastrointestinal geral.
Questionário DOENÇA CELÍACA & COVID-19 – Riosemgluten
Divulgado nas Redes Sociais do Riosemgluten (Instagram e Facebook)
Coleta de informações nos dias 06, 07 e 08 de novembro de 2021
"Questionário para levantamento de dados sobre a COVID-19 na comunidade Celíaca brasileira. Os resultados serão divulgados no site e redes sociais do Riosemgluten.
Público-alvo desse questionário: EXCLUSIVAMENTE pessoas maiores de 18 anos, com diagnóstico de DOENÇA CELÍACA confirmado por um gastroenterologista ou dermatologista (dermatite herpetiforme) e que durante os anos de 2020 e 2021 estiveram morando no Brasil. O questionário é anônimo."
O artigo traz os seguintes resultados:
"Entre 31 de março de 2020 e 23 de fevereiro de 2021, 123 casos confirmados de COVID-19 foram relatados por 60 médicos no registro, incluindo pacientes de 21 países em 5 continentes.A idade média era de 38 anos. A maioria dos pacientes era do sexo feminino (76,4%), brancos (90,2%), diagnosticados por biópsia duodenal (86,2%) e em dieta estritamente sem glúten ou com rara exposição inadvertida ao glúten (82,1%).
Um total de 39,0% tinha pelo menos 1 comorbidade, enquanto 8,9% estavam em uso de pelo menos 1 medicamento imunossupressor no momento do diagnóstico de COVID-19.
Um total de 36,6% dos casos de COVID-19 relatados apresentaram novos sintomas gastrointestinais como diarreia, náusea, vômito e dor abdominal quando tiveram CoVID-19.
Um total de 13,9% dos casos atendeu ao desfecho primário de hospitalização ou óbito.
Um total de 11,4% (14 pacientes) foi hospitalizado, 1 paciente necessitou de cuidados intensivos e 2,4% (3 pacientes) morreram de complicações relacionadas à COVID-19.
Os pacientes que atenderam ao desfecho primário tenderam a ser mais velhos, ser hispânicos / latinos e ter um histórico de doença cardiovascular ou acidente vascular cerebral.
Neste registro internacional relatado por profissionais de saúde de pacientes Celíacos que contraíram COVID-19, observamos uma taxa de hospitalização de 12% e uma taxa de letalidade de 2,5%.
As taxas de hospitalização e letalidade por COVID-19 na população em geral são estimadas em 20% e 1%–11%, respectivamente, sugerindo que os pacientes com Doença Celíaca não apresentam risco aumentado de hospitalização ou morte." (1)
Embora o Brasil esteja na lista dos países participantes desse estudo, não tivemos até o momento pesquisa nacional sobre DOENÇA CELÍACA e COVID-19 com celíacos brasileiros.
Para responder dúvidas específicas e observar se alguns desses dados internacionas poderiam ser confirmados também aqui no Brasil, elaborei um questionário e usei a ferramenta "Google Forms" para divulgar nas redes sociais do Riosemgluten. Apresento aqui os dados recolhidos desse questionário.
Pré-requisitos para responder ao questionário:
- Ter mais de 18 anos,
- Ter diagnóstico de Doença Celíaca / Dermatite Herpetiforme confirmado por um médico,
- Estar morando no Brasil no período 2020/2021.
Características dos participantes:
31,8% entre 30 a 39 anos
23,4% entre 40 a 49 anos
11,2% entre 50 a 59 anos
4,2% acima de 60 anos
Sobre os participantes que TIVERAM COVID-19 (387 celíacos):
Sobre a gravidade do quadro da COVID-19
6,2% (24 celíacos) necessitaram de internação. Aqui já vemos uma diferença dos dados do Secure-Celiac, que mostrou uma taxa de hospitalização de 12%.
Dos 387 celíacos que tiveram COVID-19, 23% (89) têm comorbidades que estavam listadas como "grupo de risco".
Quando perguntados se outros moradores da mesma residência também tiveram COVID-19, 69,8% afirmaram que sim.
Sobre os principais sintomas:
Aqui era o meu principal ponto de dúvida: "Celíacos seriam mais propensos a ter COVID LONGA"?
Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP nos traz os seguintes dados sobre a COVID LONGA ou Síndrome Pós-COVID:
"Resultados preliminares de uma pesquisa com pacientes recuperados de covid-19, acompanhados pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, revelam que 64% têm algum sintoma persistente seis meses depois do início dos sintomas.
Entre os pacientes atendidos pelo ambulatório pós-covid (MINC) do Hospital das Clínicas da FMRP, os principais sintomas persistentes são fadiga, falta de ar, dor de cabeça, perda de força muscular, dificuldade para enxergar ou incômodo nos olhos. Os dados são coletados pelo projeto Recovida, que acompanha, desde maio de 2020, sobreviventes da covid-19 para observar as repercussões da doença.
A pesquisa é da fisioterapeuta Lívia Pimenta Bonifácio, que desenvolveu o projeto em seu pós-doutorado na FMRP. “O objetivo é acompanhar pacientes sobreviventes da covid-19 na sua apresentação leve e na forma grave da doença e observar sua sobrevida, bem como a ocorrência de possíveis repercussões físicas, psicológicas ou sociais relacionadas à infecção ou ao seu tratamento.” (2)
Na nossa pesquisa 30% dos Celíacos tiveram COVID-19 apresentaram sintomas persistentes após 3 meses do ínicio da infecção.
Por tudo que vem sendo divulgado sobre a Síndrome Pós-COVID nos sites de Saúde, podemos dizer que Celíacos que tiveram esses sintomas persistentes devem fazer acompanhamento com seus médicos e nutricionistas, para prevenção de problemas futuros.
Sobre os participantes que NÃO TIVERAM COVID-19
Dos 685 celíacos que NÃO tiveram COVID-19, 22,6% têm comorbidades que estavam listadas como "grupo de risco".
Nesse grupo 21% dos participantes conviveu na mesma residência com alguém com COVID-19.
COMPARANDO AS RESPOSTAS DOS DOIS GRUPOS
Durante toda a pandemia sofremos com a divulgação de "fake news" e informações desencontradas vindas do Ministério da Saúde e de outros setores do Poder Público, o que deixou a população insegura sobre formas de proteção e prevenção dessa doença que vem ceifando tantas vidas no Brasil e no mundo.
Sobre as formas de proteção, a grande maioria dos participantes da pesquisa adotou as medidas divulgadas pelo Ministério da Saúde:
Grupo de Celíacos que teve COVID-19:
Formas de prevenção:
Grupo de Celíacos que teve COVID-19
Grupo de Celíacos que não teve COVID-19
Atividade Física:
Grupo de Celíacos que teve COVID-19
Grupo de Celíacos que não teve COVID-19
Dieta sem glúten:
Grupo de Celíacos que teve COVID-19
Grupo de Celíacos que não teve COVID-19
Qualidade Nutricional da Dieta sem glúten:
Grupo de Celíacos que teve COVID-19
Grupo de Celíacos que não teve COVID-19
Sobre vacina contra COVID-19:
Grupo de Celíacos que teve COVID-19:
Grupo de Celíacos que não teve COVID-19:
Alguns dados nos mostram que uma parte dos Celíacos enfrentou e enfrenta grandes dificuldade emocionais, o que com certeza interfere nas ações referentes aos cuidados com a saúde de maneira geral.
Seja na dificuldade em manter atividades da vida diária, seja na situação de descuidar da dieta sem glúten, sabemos que a pandemia piorou os quadros de ansiedade e depressão de muitas pessoas assim como economicamente muitas famílias se viram diantes desafios nunca imaginados.
Essas informações foram recolhidos de maneira não "científica" mas servem para nos dar um cenário de como a comunidade celíaca foi afetada pela COVID-19.
Como você que chegou até aqui, "lê" esses dados? Deixe sua opinião nos comentários!
Fontes:
(1) Eugenia Uche-Anya, Steffen Husby, Gilaad G. Kaplan, Fox E. Underwood, Peter H.R. Green, Benjamin Lebwohl,
An International Reporting Registry of Patients With Celiac Disease and COVID-19: Initial Results From SECURE-CELIAC,
Clinical Gastroenterology and Hepatology,Volume 19, Issue 11,2021, Pages 2435-2437.e4, ISSN 1542-3565, doi.org/10.1016/j.cgh.2021.06.016.
(https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1542356521006443)
https://www.cghjournal.org/article/S1542-3565(21)00644-3/fulltext