sábado, 26 de outubro de 2013

A depressão é realmente um desequilíbrio químico ou o Glúten pode ser o responsável?

22/10/2013

Dra Vikki Petersen


É  dito que pacientes com depressão têm um desequilíbrio químico.  Se alguém na sua família também está deprimido, o "cartão do gene" é mostrado.   "Sua depressão é genética", eles dizem.

Na minha prática clínica há mais de 20 anos, eu encontrei os dados de que essa afirmação é falsa. Consistentemente, encontramos pacientes que sofrem de depressão e ansiedade e que tem sensibilidade ao glúten (e ao leite).

Como poderia a causa da depressão ser a comida ? 
 Vamos dar uma olhada:

Depois do aparelho digestivo, o sistema mais comum de ser afetado pelo glúten é o sistema nervoso. Pensa-se que a depressão pode ser causada pelo glúten de duas maneiras.

Em primeiro lugar, o glúten provoca alterações inflamatórias. O sistema imunológico de um indivíduo com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten responde de  forma negativa, inflamatória à proteína gliadina.   Infelizmente essa proteína  é semelhante em estrutura a outras proteínas presentes no corpo, incluindo as das células do cérebro e do nervo. A reatividade cruzada pode ocorrer, sendo através dela que o sistema imunitário "confunde" proteínas no corpo com a  proteína gliadina.   Isto é chamado de mimetismo celular e o resultado dessa confusão é o corpo literalmente atacando os próprios tecidos. Quando a inflamação ocorre no cérebro e no sistema nervoso, uma variedade de sintomas pode seguir-se, incluindo a depressão.

Pesquisas mostram que pacientes com sintomas que envolvem o sistema nervoso sofrem de problemas digestivos apenas 13% do tempo.   Isto é importante porque a medicina convencional identifica sensibilidade ao glúten quase que exclusivamente apenas com queixas digestivas, um erro que faz com que milhões de pessoas continuem a sofrer desnecessariamente, sem diagnóstico correto.

Em um estudo sobre o fluxo de sangue para o cérebro, 15 pacientes com doença celíaca não tratada foram comparados com 15 pacientes tratados com uma dieta livre de glúten por um ano.   Os resultados foram surpreendentes. No grupo sem tratamento, 73% tinha anormalidades na circulação cerebral, enquanto apenas 7% no grupo tratado mostrou qualquer anormalidade. Os pacientes com problemas circulatórios cerebrais  frequentemente sofrem de sintomas como ansiedade e depressão.

Em segundo lugar, além de problemas de circulação, criando sintomas de depressão, outra pesquisa analisou a associação entre a sensibilidade ao glúten e sua interferência com a absorção de proteínas.   Especificamente, o aminoácido triptofano pode ser deficiente. O triptofano é uma proteína no cérebro responsável pela sensação de bem-estar e relaxamento. A deficiência pode ser correlacionada com os sentimentos de depressão e ansiedade.

Vale a pena descobrir se a sua depressão pode ser causada por algo em sua dieta? 
Com certeza, na minha opinião.

Nossa sociedade é muito disposta a aceitar um "desequilíbrio químico" como uma explicação para os sintomas e, em vez de chegar à causa raiz da condição, simplesmente optar por engolir uma pílula - uma pílula que, no caso de antidepressivos, pode ser muito perigosa por vezes, tem efeitos colaterais letais.

A freqüência com que somos capazes de ter sucesso com pacientes que deixam de usar seus antidepressivos é considerada "inacreditável" para muitos médicos tradicionais, mas fazemo-lo regularmente. Como isso é possível?   Nós realmente diagnosticamos a causa raiz da depressão.   Frequentemente o culpado é o glúten.

http://glutendoctors.blogspot.com.br/2013/10/is-depression-really-chemical-imbalance_22.html

Dr Vikki Petersen, DC, CCN
Founder of HealthNOW Medical Center
Co- author of TheGluten Effect
Author of the e-book: Gluten Sensitivity: What you don’t know may be killing you!

domingo, 20 de outubro de 2013

Entrevista com Raquel Benati

Entrevista com Raquel Benati - vice-presidente da ACELBRA/RJ

Portal MEU NUTRICIONISTA
13/05/2011


www.riosemgluten.com


Em comemoração ao Dia Internacional dos Celíacos celebrado dia 15 de Maio de 2011, o Portal Meu Nutricionista entrevistou Raquel Candido Benati, uma das fundadoras e atual Vice-Presidente da Associação de Celíacos do Brasil – Regional Rio de Janeiro (ACELBRA – RJ), que nos contou um pouco sobre a Doença Celíaca e a importância do conhecimento das pessoas e empresas sobre a alimentação isenta de glúten para o bem dos celíacos.

PMN: Raquel, conte-nos um pouco sobre a sua trajetória de vida.
Raquel: Olá, em primeiro lugar quero agradecer a oportunidade do Portal em falar um pouco sobre a Doença Celíaca (DC). Eu tenho 48 anos, estudei Musicoterapia e Educação Artística, sou Professora de Artes da Rede Pública de Angra dos Reis - RJ, onde resido atualmente, mas sou mineira de Visconde do Rio Branco.

PMN: Quando começou a sua ligação com a doença celíaca?
Raquel: Na família somos quatro irmãs celíacas e uma de minhas filhas também é celíaca. A segunda apresenta predisposição genética, mas ainda não desenvolveu a DC.
Meu diagnóstico foi feito em dezembro de 1994, depois de mais de 20 anos de sintomatologia e pesquisas médicas sem resultados. Sou uma das fundadoras da ACELBRA-RJ e responsável pelos sites www.riosemgluten.com e  www.doencaceliaca.com.br e desde 2006 atuo também como Secretária Geral da Federação Nacional de Celíacos do Brasil (FENACELBRA).

PMN: Qual o panorama atual da Doença Celíaca no Brasil?
Raquel: No Brasil a Doença Celíaca ainda é desconhecida pela maioria da população e também pelos profissionais de saúde. Embora  o Ministério da Saúde tenha publicado desde 2009 o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas da DC, facilitando assim o diagnóstico e tratamento, os Governos Estaduais e Municipais continuam sem atender corretamente a pessoa com suspeita de doença celíaca. Para se ter uma ideia, menos de 60 municípios no Brasil hoje fazem exames de sangue pelo SUS, para investigação de DC (dados disponíveis no site do DATASUS ). 

Não existem dados oficiais sobre o número de pessoas celíacas já diagnosticadas no Brasil e nem pesquisas que envolvam toda a população para saber a prevalência da doença celíaca no país. Dados internacionais apontam que 1% da população mundial tem DC - assim estimamos que mais de 1 milhão de brasileiros são celíacos e não sabem.

A legislação brasileira que protege os direitos do cidadão celíacos é boa: desde 1992  os produtos alimentícios brasileiros trazem no rótulo a informação se contém glúten (e desde 2003 trazem também a informação quando não contém glúten ), mas a questão do diagnóstico ainda é o maior problema que enfrentamos.

PMN: Quais as maiores dificuldades atuais para os celíacos em relação à alimentação?
Raquel: O preço dos produtos sem glúten; a falta de definição da ANVISA sobre os laboratórios autorizados a fazerem testes de presença de glúten nos alimentos; a contaminação cruzada por glúten nos locais de fabricação de alimentos; o desconhecimento por parte dos donos de hotéis, restaurantes, lanchonetes sobre o que é glúten e falta de alimentos sem glúten seguros a serem servidos nesses locais.

PMN: Como você considera o atual mercado brasileiro de produtos sem glúten, em comparação com a Europa, em especial Portugal, que tem uma grande quantidade de ofertas? 
Raquel: A oferta maior de produtos sem glúten só acontece nos grandes centros aqui no Brasil. No interior não encontramos com facilidade pães, bolos, massas e biscoitos sem glúten. 

PMN: Quais as últimas realizações das Associações de Celíacos em todo o Brasil e o que os intolerantes ao glúten ainda precisam conquistar?
Raquel: Ano passado conseguimos aprovar na discussão sobre a Política Nacional de Alimentação e Nutrição - PNAN , um documento pela adoção de uma Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Celíaca. Na quarta-feira (11/05/2011) a presidente da FENACELBRA ( Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil ), Nutricionista Lucélia Costa, junto com Nildes Oliveira, representante da FENACELBRA no Conselho Nacional de Saúde, tiveram uma audiência com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para apresentar esse documento e pedir pela implementação de uma série de políticas que atendam aos celíacos.
Esse ano teremos Conferências Nacionais de Saúde e de Segurança Alimentar, onde pretendemos participar e avançar na construção de políticas públicas que venham a atender as pessoas com necessidades alimentares especiais.

PMN: Como uma pessoa que não é da área da saúde pode contribuir com a causa dos celíacos? 
Raquel: Divulgando a doença celíaca nos diversos espaços (virtuais ou não) em que atua e compreendendo que as restrições alimentares não são um capricho das pessoas e sim uma questão de manutenção da saúde e da vida.

PMN: Deixe uma mensagem de motivação, alerta ou orientação geral a todos os internautas.
Raquel: A Doença Celíaca não tem cara, peso, cor ou idade. Se você já se informou sobre o que é, sobre os sintomas e acredita que possa ter, procure profissionais de saúde e investigue. Se algum desses profissionais te disser que você não é celíaco apenas ao te olhar no consultório ou na emergência de algum Pronto Socorro, pelas suas características físicas ou falta dos sintomas clássicos, insista em fazer os exames. Conheço uma pessoa celíaca que o médico jurou que cortava a mão se ela fosse celíaca - então, se você estiver andando por São Paulo e encontrar um médico sem uma das mãos, tenha certeza de que é este!!!

Fonte: Redação Portal Meu Nutricionista
Nutr. Flávio Viaboni

Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca - atualização

(Non Celiac Gluten Sensitivity – NCGS)

Dra. Amy Burkhart*

Tradução: Regina Mancini


Pesticidas , trigo e Sensibilidade ao Glúten não Celíaca: Qual é a conexão ?

No Simpósio Internacional de Doença Celíaca 2013 em Chicago no final de setembro, uma grande parte das conversas giravam em torno da ciência emergente na Sensibilidade ao Glúten Não- Celíaca ( NCGS ) . O tópico provavelmente será o centro das atenções novamente quando a conferência acontecer em Praga, em 2015.

Este simpósio ocorre a cada dois anos em diferentes locais em todo o mundo e reúne os maiores especialistas sobre a doença celíaca e sensibilidade ao glúten não-celíaca. Tivemos a sorte de tê-la nos Estados Unidos este ano, onde foi patrocinado pela Universidade de Chicago - Centro de Doença Celíaca . Se o clima fantástico que tivemos foi uma indicação do clima típico em Chicago, eu acho que posso ter encontrado um novo local de férias !

Foi surpreendente que as questões em torno do tema da NCGS fossem muitas, e as respostas muito poucas. Eu ofereço um breve resumo destas perguntas e respostas no final deste artigo , mas eu gostaria de destacar uma área em particular, em primeiro lugar.


Outra possível causa de sensibilidade ao glúten não-celíaca.
Eu discuti FODMAPS (Fermented Oligo-Di-Monosaccharides and Polyols – açucares de difícil digestão) no mês passado no artigo " O glúten é realmente o culpado em sensibilidade ao glúten ? " FODMAPS é um componente provável em alguns casos de sensibilidade ao glúten , mas não deve ser o único culpado.

Existe uma família de proteínas contidas no próprio trigo chamada "inibidores amilase-tripsina - " ou ATI (em inglês) . Estes são os pesticidas "naturais" encontradas no trigo. Sim, naturais. Muitas plantas têm pesticidas naturais. Eles não são pesticidas adicionados por seres humanos para fins de produção, mas uma parte inerente da planta colocados lá pela natureza. Eles são a maneira que a  natureza tem de permitir que as plantas  se propaguem, tornando-as resistentes a certos insetos e pragas.

Estas proteínas específicas, os ATI , são os mecanismos de defesa da planta do trigo contra determinados invasores. Parece, contudo, que os ATI também podem ser um problema para alguns seres humanos e podem ser um fator em certos casos de sensibilidade ao glúten não celíaca. Um artigo recente de Y. Junker et al . descobre que estes ATI efetivamente podem ser reconhecidos como estranhos pelo nosso sistema imunológico, desencadeando uma resposta imunitária no intestino. A prova é muito preliminar, mas vai ser uma área de investigação futura. Esta reação ocorreu em ambos os pacientes com doença celíaca e sensibilidade não-celíaca, e os autores formularam a hipótese de que eles podem desempenhar um papel em outras condições inflamatórias intestinais também.

Atualmente, supõem-se que os ATI estejam envolvidos na "asma do padeiro", uma das principais causas da asma ocupacional, mas seu papel na sensibilidade ao glúten não-celíaca ainda não foi totalmente definida. Acho que ouviremos mais sobre eles em um futuro próximo.

Seu possível papel no dilema da sensibilidade ao glúten não-celíaca sugere que ela pode ser causada por muitos fatores diferentes. Em algumas pessoas, pode ser causada pelo componente de carboidrato do trigo, como na má absorção de frutose. Em outros, pode ser causada por ATI. Talvez algumas pessoas reajam a ambos. A informação sobre as causas de sensibilidade ao glúten não-celíaca está emergindo rapidamente e eu não ficaria surpresa se a outros culpados possíveis aparecerem a qualquer momento. Estou satisfeita que NCGS finalmente seja reconhecida pela comunidade médica tradicional, como doença válida. Agora cabe à ciência definir exatamente o que é e como melhor tratá-la. A voz da experiência da comunidade sem glúten é um complemento importante para esta missão.

Resumo de perguntas e respostas sobre a sensibilidade ao glúten não- celíaca no Simpósio Internacional da Doença Celíaca 2013.

Como podemos definir a sensibilidade ao glúten não- celíaca?

É um disturbio em que uma pessoa experimenta sintomas relacionados a comer glúten, e onde a possibilidade de a doença celíaca ser a causa tenha sido descartada por meio de testes validados.

Como podemos diagnosticá-la ?

No momento, uma dieta de eliminação é a única maneira de diagnosticar NCGS . Depois de ter descartado a doença celíaca como uma possível causa , você pode eliminar o glúten de sua dieta. Se os seus sintomas melhoram ou desaparecem você está identificado como "sensível ao glúten".

Qual o mecanismo subjacente?

Nós não sabemos . Pode haver várias razões diferentes que uma pessoa ter sintomas após a ingestão de glúten.

Há algum testes de laboratório atualmente para
 diagnosticar sensibilidade ao glúten não-celíaca?

Não. Nós não sabemos o que está causando a reação. Um teste não pode ser desenvolvido até essa pergunta ser respondida . Apesar do fato de que alguns laboratórios on-line oferecem testes que diagnosticam "sensibilidade ao glúten " (ou alergia ou intolerância ), não existem testes validados para isso. É impossível conceber um teste para detectar uma entidade da qual ainda não conhecemos o mecanismo e etiologia (causa ou origem ).

Por que estamos ouvindo muito sobre NCGS ?

Muitas razões :

1 . Agora é uma doença ou sindrome validada, reconhecida pela comunidade médica internacional

2 . Há maior conscientização

3. Há um grande mercado para produtos sem glúten

4 . A comunidade sem glúten tem uma voz forte

5. A doença celíaca está em ascensão , o que aumentou a percepção de problemas relacionados ao glúten em geral

Qual é a prevalencia (porcentagem de pessoas atingidas) ?

Nós não sabemos . A doença tem de ser previamente definida , a fim de determinar a incidência .

É a mesma coisa que a doença celíaca ?

Não. Mesmo que as duas compartilhem sintomas, NCGS não parece ser uma condição auto-imune , como a doença celíaca. Não eleva os marcadores imunológicos da doença celíaca nem destrói as vilosidades intestinais como na doença celíaca.

Quais são as conseqüências a longo prazo?

Nós não sabemos . O primeiro passo é definir o que é e como ela afeta o corpo. Uma vez determinado , as consequências podem ser melhor estudadas.


Amy Burkhart , MD, RD* é uma médica especializada em medicina de emergência e nutricionista registrada. Ela também é formada em medicina integrativa com o Dr. Andrew Weil , no Centro Arizona de Medicina Integrativa . 

Link para o original em inglês: