segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Transmissão da Doença Celíaca



LORENA PÉREZ
CELICIDAD - aplicativo espanhol

Tradução / Adaptação: Raquel Benati



A doença celíaca é uma doença autoimune desencadeada pela ingestão de glúten, que requer uma predisposição genética para se desenvolver. Assim, uma família pode ter vários celíacos. Mas isso não significa nem que seja uma doença congênita nem que seja uma doença hereditária. Vamos explicar como ocorre a transmissão da doença celíaca.

Embora nos últimos anos tenha havido uma série de avanços no estudo da doença celíaca, métodos de diagnóstico, testes e das doenças relacionadas, a ciência ainda não encontrou a explicação exata sobre o que dispara o gatilho da doença celíaca e como acontece a transmissão entre membros da mesma família.

O que sabemos é que ela não é uma doença hereditária ou congénita. Não é congênita porque você não nasceu com ela, mas pode desenvolvê-la em qualquer momento da vida.

Também não é hereditária. Ou seja, a doença celíaca não é herdada de pai para filho, o que se herdada é o risco de desenvolvê-la. Ou seja, podemos herdar genes que estão associados com a doença celíaca e podem levar-nos a desenvolvê-la em algum momento da vida. Em particular, são os haplotipos HLA-DQ2 e HLA-DQ8, que estão diretamente associados à doença celíaca, embora ter estes genes não signifique  que acontecerá o desenvolvimento da doença, mas pode servir como um alerta,  segundo estudo do "New England Journal of Medicine" , para os pais que têm crianças com esta genética e assim serem capazes de fazer um diagnóstico na fase inicial da doença, antes que tenha havido graves danos ao intestino.


O diagnóstico precoce seria uma excelente notícia que, infelizmente, ainda está longe de ser alcançado de forma generalizada, de tão complicado que é diagnosticar a doença celíaca por causa de seu quadro sintomátológico difuso.

Como explicado no estudo publicado na NEJOM, mais de 1/4 das crianças com duas cópias (alfa e beta) de uma das variantes de alto risco (haplótipos HLA-DR3-DQ2 ) desenvolvem sintomas iniciais da doença ao redor de 5 anos de idade ou mais cedo. Ter esta variante dupla faz subir para 5 vezes o risco de desenvolver a doença em comparação com pessoas que têm outros haplótipos, como DR4-DQ8. Assim, poderíamos estar olhando para a evidência de como ocorre a transmissão da doença celíaca, independente que se desenvolva ou não.

Uma vez comprovada, portanto, a genética e que aparecem estes genes no DNA de uma criança, se pode implementar como afirmam no estudo, "um acompanhamento mais próximo para detectar a doença mais cedo, já que essas crianças seriam mais propensas a serem celíacas".

Os especialistas dizem que a genética contribui com cerca de 75% para o desenvolvimento da doença celíaca, e  25% dependeria de fatores ambientais ainda a serem determinados. Fala-se do aleitamento materno, dieta, do momento em que se introduz os cereais com glúten na dieta, desenvolvimento de algum tipo de doença na infância, porém não são conhecidos com certeza quais os fatores ambientais que podem determinar o desenvolvimento da doença celíaca.

Quanto às chances de ter famíliares celíacos estima-se que entre 10% e 30% dos parentes de um celíaco também tem a doença celíaca, por isso os especialistas recomendam sempre  pesquisa dos membros da família porque muitas vezes não apresentam sintomas.

Texto Original

Doença Celíaca: conhecimento é poder!



Jess Maddem - MD (médica neonatologista)
The Patient Celiac

Tradução: Google / Adaptação: Raquel Benati



Quando eu comecei esta página em 2012, cerca de dois anos depois de meu diagnóstico como celíaca, eu seguia vários outras páginas e blogs de celíacos e era uma participante ativa nos fóruns on-line. Ser capaz de interagir com outras pessoas que estavam clinicamente sem glúten, como eu, e lendo sobre as suas experiências ajudou a me sentir muito menos sozinha. Com o tempo, porém, eu tive que parar de participar em fóruns e de deixar de fazer comentários em páginas de outros celíacos. Parte disso foi devido a limitações de tempo, mas a principal causa da minha falta de participação foi devido a pessoas reclamando e criticando uns aos outros online. Se nós, como membros da comunidade celíaca, dedicassemos nossos esforços para educar e apoiar uns aos outros ao invés de ficar  lamentando e sentindo pena de nós mesmos, eu acho que poderíamos fazer um trabalho incrível de difusão do conhecimento da celíaca.

Há tantas coisas fascinantes sobre a doença celíaca que eu só aprendi depois do meu próprio diagnóstico, tais como:

* A doença celíaca pode se desenvolver em qualquer momento durante a vida. Uma pessoa pode testar negativo aos 55 anos, mas, em seguida, apresentar a doença celíaca  aos 60 anos Você pode ser diagnosticada quando está com 9 meses ou 99 anos de idade.

* Você pode ter a doença celíaca não diagnosticada e estar acima do peso ou obeso. Pessoas de qualquer forma de corpo podem desenvolvê-la. A maioria dos adultos não estão extremamente magros no momento do diagnóstico, ao contrário da crença popular.

* A doença celíaca pode afetar qualquer parte do corpo, incluindo o cérebro, o sistema reprodutivo, ossos, fígado, articulações, pele e dentes. Muitas pessoas com doença celíaca não tem sintomas digestivos. Ao contrário, sofrem de sintomas como a artrite, inflamação do nervo (neuropatia), dores de cabeça, dificuldade de engravidar e elevação das enzimas hepáticas. Podem levar anos, e mesmo décadas, para obter um diagnóstico firme (eu, pessoalmente passei por isso).

* Uma vez que uma pessoa tenha estado na dieta sem glúten por 2 semanas, o teste de sangue (sorologia - anticorpo antitransglutaminase e antiendomísio) é praticamente inútil: pacientes precisam estar comendo glúten em uma base regular, a fim de que os anticorpos celíacos sejam detectados no sangue. O mesmo vale para endoscopia e biópsia do intestino delgado.

* Quando um paciente é diagnosticado com doença celíaca, todos os membros da família de primeiro grau (irmãos, pais, e / ou filhos) também devem ser rastreados, pois eles estão em um risco muito maior do que a população em geral. Parentes de Segundo grau  (tios, primos e avós) também devem considerar o rastreio.

* Muitas pessoas com doença celíaca continuam a ter sintomas mesmo depois de meses na dieta sem glúten (chamada de doença celíaca não-responsiva). A causa mais comum de sintomas continuarem é a exposição permanente ao glúten, que muitas vezes é  a contaminação cruzada acidental. Muitos dos atuais medicamentos para doença celíaca em desenvolvimento são para ajudar a impedir-nos de experimentar  a doença celíaca não-responsiva.

* Cápsulas de enzimas que digerem glúten não são seguras para celíacos - elas não quebram glúten em pedaços pequenos o suficiente para não causar uma reação autoimune.

* Por último, o café não apresenta reação cruzada com glúten. Se este fosse o caso, com base na quantidade de café que consumo, eu estaria morta, ou pelo menos cronicamente doente com anticorpos celíacos persistentemente elevados:)

Eu poderia continuar, mas acho que você pode captar a idéia ... é possível que através da partilha de apenas alguns desses fatos, você possa ajudar alguém a perceber que eles precisam ser testados para doença celíaca. Isso não seria legal?

Texto Original:


domingo, 17 de janeiro de 2016

6 coisas que todo mundo precisa saber antes de iniciar uma dieta sem glúten


6 coisas que todo mundo precisa saber antes de iniciar uma dieta sem glúten

Raquel Benati 
www.riosemgluten.com.br


Para você que recebeu orientação do nutricionista ou do médico em tirar o glúten da dieta, fazer uma dieta "paleo-low carb" ou leu o livro “Barriga de Trigo” e resolveu tirar o glúten da dieta por conta própria, saiba que:

1 - O glúten é uma proteína presente no trigo, cevada e centeio. 


Pães, bolos, pizzas, achocolatados, temperos, molhos, embutidos, sorvetes, salgadinhos, biscoitos, empanados e muitas outras coisas podem conter glúten em sua composição. Ele é facilmente encontrado nos alimentos industrializados, seja como ingrediente principal, seja como espessante, em produtos de higiene e beleza e até na ração de cães e gatos. Ele é ONIPRESENTE no mundo ocidental. Embora seja uma proteína de baixo valor nutricional e de difícil digestão, é utilizada em larga escala na alimentação da população de modo geral, independente da idade ou classe social..



2- O glúten está ligado a algumas desordens:

a- Doença celíaca / ataxia de glúten / dermatite herpetiforme


b- Sensibilidade ao glúten não-celíaca


c- Alergia ao Trigo (respiratória / alimentar / urticária de contato / alergia induzida por exercício) 


3- Muitas pessoas TEM doença celíaca ou sensibilidade ao glúten e NÃO SABEM. 


Mas ao iniciarem uma dieta sem glúten, percebem que houve mudanças no seu organismo, com uma melhora de velhos problemas. Bingo! Acharam o vilão! Mas e agora, será que são celíacas / sensíveis ao glúten e não sabiam? Como saber? 



4- Dificuldades em conseguir um Diagnóstico correto 


O diagnóstico de doença celíaca nem sempre é fácil e se a pessoa já iniciou a dieta sem glúten ANTES de fazer os exames, a situação só complica. Para investigação são pedidos exames de sangue específicos (sorologia - antitransglutaminase e antiendomísio) e endoscopia digestiva alta com biópsia de duodeno.

Os exames sorológicos podem negativar, pois o inimigo “glúten”- motivo da “guerra” de anticorpos no organismo - já foi eliminado! Pelo mesmo motivo o resultado da biópsia do duodeno pode vir inconclusivo e aí as dúvidas sobre o diagnóstico só aumentam.

Para conseguir ter uma resposta segura sobre o diagnóstico a pessoa vai precisar voltar a comer glúten e isso pode levar meses (essa etapa se chama “Desafio de glúten”) e ela pode adoecer novamente. Por isso a recomendação número 1 da comunidade celíaca é: faça os exames ANTES de tirar o glúten da dieta.

A pessoa "virou celíaca" ou "ficou intolerante" por que parou de comer glúten? NÃO! A doença já estava lá, ela só não sabia.



5- E qual o problema da pessoa não ter certeza se é ou não celíaca? 


Dieta de celíaco é PARA SEMPRE! Tem que ser 101% sem glúten, cuidando diariamente dos riscos de contaminação cruzada por glúten, sem furo, sem “dia do lixo”, sem exceção, sem comer em festas, bares ou restaurantes, casa de parentes e amigos etc. Por questão de segurança alimentar, Celíaco muitas vezes precisa levar sua comida aonde vá. 

O Celíaco precisa fazer acompanhamento de saúde periódico multidisciplinar, com exames e consultas, para saber se não está ingerindo glúten acidentalmente, se está absorvendo adequadamente nutrientes, se não desenvolveu outra patologia autoimune associada etc. Os familiares precisam ser constantemente investigados pois é uma doença autoimune com alta prevalência entre os parentes de 1º grau e que pode se manifestar em qualquer fase da vida. A forma mais comum de doença celíaca é a “assintomática”, “silenciosa” - os danos acontecem e a pessoa não tem sintomas aparentes.



6- E se o Celíaco não fizer a dieta sem glúten corretamente? 


A doença celíaca MATA! Mata lentamente, com piora da qualidade de vida, com o aparecimento de inúmeras doenças associadas, inclusive linfomas e câncer de intestino. Quanto mais a pessoa fura a dieta, mais ela permite que a agressão ao organismo aconteça. E tudo isso pode evoluir para a Doença Celíaca Refratária, onde a dieta sem glúten deixa de fazer efeito e a pessoa precisa fazer uso de imunossupressores ou até mesmo quimioterapia.


CONCLUSÃO


Então o conselho de todos os celíacos é que você SAIBA em que terreno está pisando e, PREFERENCIALMENTE (ou SE POSSÍVEL) investigue se tem doença celíaca, ANTES de iniciar a dieta sem glúten, para evitar o que hoje muitas pessoas que tiraram o glúten estão vivenciando, que é um verdadeiro martírio para conseguirem o diagnóstico correto de seus problemas de saúde.

Se você iniciar uma dieta sem glúten e perceber melhora de sintomas ou problemas de saúde, há uma grande chance de você ter alguma das desordens relacionadas ao glúten. Neste caso, procure auxílio médico especializado para fazer a preparação adequada e realizar os exames necessários para investigar a doença celíaca o quanto antes.

Se fizer uma dieta low carb com comida de verdade e ao sair da dieta, comendo alimentos com glúten, passar mal, voltarem antigos problemas de pele e outros sintomas que já não faziam parte de sua rotina, acenda o alerta vermelho e pense na possibilidade de ter alguma desordem relacionada ao glúten.

Se for celíaco, já sabe que a dieta é pra sempre, sem furos. Se não for, fará a dieta sem glúten pelo tempo e da forma que quiser, sem se preocupar.